DOCUMENTÁRIO SERTÃO COMO SE FALA
Em outubro de 2014, Fernando Poletti integrou a equipe de produção do documentário Sertão como se Fala, que percorreu sete estados do Nordeste brasileiro para registrar histórias de pessoas que aprenderam a ler [o mundo] com o alfabeto sertanejo. Ele ilustrou os traços e características dos povos e localidades desta região do Brasil. O abc do sertão considera os sons das letras e não seus nomes, como faz o convencional, em português.
O filme investiga as raízes deste modo de falar e busca professores e alunos que ensinam a falar “mê” ao invés de “eme” e “lê” no lugar de “éle”. São nove as letras do alfabeto convencional que têm um som diferente em grande parte do sertão: Ê – Fê – Guê – Ji – Lê – Mê – Nê – Rê – Sí.
O filme foi lançado em 2016, no espaço cultural Cento e Quatro, em Belo Horizonte [MG, Brasil]. Na ocasião foi realizada uma exposição com as ilustrações que Fernando Poletti produziu no decorrer do projeto.
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MURAL URBANO . EDITAL GENTILEZA
Em outubro de 2018, Fernando Poletti e o artista Virgílio de Barros produziram um mural de 7 metros que combina as técnicas de lambe-lambe, fotografia, ilustrações e pintura mural. Projetado para colorir o viaduto da Avenida Silva Lobo, no bairro Calafate, em Belo Horizonte, o mural reflete sobre o “não-trânsito”, o não movimento, as frações de tempo perdidas no deslocamento urbano.
A ideia, que surgiu a partir do edital “Em não Trânsito – Ilhas”, promovido pelo edital Gentileza, da Secretaria de Cultura de BH, tem a intenção de apresentar, nas imagens do mural, situações cotidianas e espaços físicos urbanos em que os pedestres ficam retidos compulsoriamente, numa fração temporal que extrapola a vontade. Estes lugares são definidos pelos artistas como “ilhas”, porções de asfalto que reúnem pessoas em torno de um mar de carros e ondas (sonoras, visuais, energéticas, tecnológicas) das mais diversas qualidades. Sendo assim, o trabalho critica a priorização do tráfego dos veículos, que ocorre inclusive institucionalmente, por meio dos órgãos de organização do trânsito.
O tema do mural surgiu em 2017, quando os dois artistas participaram do projeto “Ateliê no Prédio”, no Almeida - Centro de Inspiração, uma ocupação artística no hipercentro de Belo Horizonte que tinha como intenção promover interações dos artistas com o entorno, além de reflexões e trocas artísticas a partir destas relações. A experiência de transitar nas ruas do centro da cidade, observando e enfrentando as dificuldades dos deslocamentos, despertou a necessidade de realizar um projeto artístico que discutisse a falta de cuidado e de valorização do pedestre por parte do sistema de trânsito. O mural se apresenta, assim, como uma pausa, um sinal (não semáforo) de que é preciso repensar os passos e os tempos nas metrópoles, de que é preciso se reaproximar do verde que nos faz seguir.